Porco Rosso

Mais um, realizado por Hayao Miyazaki em 1992.

  • Porco Rosso contextualiza-se numa Itália fascista e sobretudo numa Europa entre guerras. Escolhe como personagem principal um porco aviador, o qual adquiriu esta forma através de um feitiço. A narrativa não explica o porquê nem como mas introduz aqui e ali informação que nos leva a trabalhar mentalmente no que poderá ter decorrido e levando-nos a crer que a sua transição para porco estará relacionada com a sua incapacidade de resolver determinadas problemáticas pessoais, as quais desembocam numa consequente descrença na humanidade e mesmo no seu país (a própria saída de Marco da força aérea parece indicar-nos a sua incompatibilidade com o regime que ganha então força).
  • O filme encontra positivamente, através da música e dos cenários, a beleza do Mediterrâneo e do Adriático e transmitindo-nos também e da melhor forma uma aura que assenta bem no período histórico abordado. 
  • Agrupa alguns dos elementos característicos das obras do velho mestre japonês, desta vez centrados na aviação e na construção do engenho pilotado por Porco Rosso. Em termos de narrativa acredito faltar-lhe a força de outras obras: apresenta rivalidades, duelos e nuances políticas, românticas e militares, introduz a figura juvenil feminina e destemida do costume mas a linha narrativa parece-me por vezes fria independentemente da fluidez da acção e da profundidade existencial das personagens. Também me parece um trabalho descontraído, assumidamente infantil e como tal coloca-nos desde logo em descompressão e mais alheios a possíveis picos de tensão. 
  • Não será nem de perto nem de longe a mais carismática obra de Hayao mas ainda assim tem uma aura à sua imagem, nostálgica, com alguma profundidade e uma animação que consegue em uma ou duas cenas fazer desfilar um sentido artístico mais aguçado. Falta-lhe algo é certo mas ainda assim, um bom trabalho.
-8-

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