Neon Genesis Evangelion - Os Filmes

Evangelion: 1.0 You Are (Not) Alone (2007) - Conduzido por Masayuki; por Kazuya Tsurumaki e por Hideaki Anno.
Nomeado pela academia japonesa para melhor filme do ano.
  • A reformulação de um dos trabalhos mais grandiosos na história do anime, senão mesmo o maior. Mantém o argumento a estrutura original, recuperando a crise existencial de Shinji num contexto de mundo apocalíptico. O argumento privilegia desde logo a crise de um jovem que se vê sujeito a uma responsabilidade imensa, sem saber bem ao certo como - sujeito também a uma exposição à dor atroz, por intermédio da sua sincronização com o cyborg EVA 01. Privilegia-se ainda o florescer sexual latente de um indivíduo, o seu seio familiar deficitário e a sua procura por uma aproximação paternal, por um reconhecimento de afecto do mesmo.
  • A profundidade do argumento é obviamente manifesta e manietada de forma inteligente, ao longo de toda a série. 1.0 limita-se a condensar de forma fiel os primeiros episódios do trabalho original, concebido na década de 90. Continuamos portanto a sorver problemáticas existenciais relativas à índole de um indivíduo que não consegue atingir um índice de sincronização social consistente e, depois à escala global, todo um conjunto de elementos religiosos (através de formas ou nomes) que suscitam pontos de controvérsia verdadeiramente deliciosos.
  • É no campo técnico que surgem upgrades nítidos no que toca ao desenho sobretudo relativamente aos angels que surgem agora mais complexos, mais dinâmicos e também mais atraentes (se for possível aplicar-lhes semelhante adjectivo). Ainda assim o desenho original não perde aqui a sua essência, na medida em que 1.0 apenas procurou a via do melhoramento e não da modificação como acontecerá mais tarde. E ganhou por isso.    
10

Evangelion: 2.0 You Can (Not) Advance (2009) - De novo com os mesmos maestros: Masayuki; Kazuya Tsurumaki e Hideaki Anno na supervisão.
Nomeado para melhor filme de animação do ano em âmbito de academia japonesa.
  • À semelhança do trabalho anterior, continuamos a sentir a falta do genérico que tanto nos marcou e que tanto carisma doou á obra original. Ainda assim o sonoro apresenta uma carga épica assaz interessante e até mesmo mais desenvolta que em 1.0.
  • É em génese uma obra que procura estabelecer uma ponte entre duas realidades: tenta por um lado abarcar o seguimento do enredo presente em Evangelion 1.0, doando-lhe algum conteúdo da série original mas acrescentando-lhe por um intermédio de uma segunda via, novas personagens e com isto formulando-se o seguimento de um novo caminho dissonante do enredo original.
  • A acção decorre dinâmica, todo o campo técnico é de resto bastante vibrante e entusiástico! Muito ao género de Code Geass ou Gundam diria, sendo que a aproximação a estes géneros não é necessariamente negativa mas também não deixa de provocar um sintoma de estranheza no público: a essência de Evangelion pode estar a transformar-se. Na minha opinião, não necessitava daquilo que me parece uma tentativa de renovação, de colagem a contemporâneos de sucesso na procura por oferecer agora, um trabalho verdadeiramente independente.
10

Evangelion: 3.0 You Can (Not) Redo (2012) - Mahiro Maeda apresenta-se como a novidade da orquestração, acompanhando os repetentes Hideaki Anno; Masayuki e Kazuya Tsurumaki.
Repetiu também sem sucesso a nomeação para a categoria de melhor filme de animação japonesa do ano.
  • Obra já totalmente divergente das séries anteriores, em quase todos os sectores. Evangelion cai a pique em essência: personagens, tempo e espaço, no próprio desenho e pior, no argumento que até aqui se mantivera impecável!
  • As personagens novas não resultam, por um simples facto: Evangelion sempre foi um trabalho que apesar de se centrar no egocentrismo de Shinji sempre abriu espaço para desenvolver as personagens coadjuvantes, espaço esse possibilitado pela dimensão do trabalho original que em dimensão cinematográfica não encontra obviamente o necessário paralelismo - assumia-se como uma necessidade imperativa o desenvolvimento das novas personagens, algo que acabou por ser totalmente descurado por um argumento perdulário que nunca se soube definir, ora perdendo-se por entre a crise existencial de Shinji, por entre um tempo e espaço que formulam uma nova realidade completamente estranha à plateia; por um mundo completamente caótico e longe dos vislumbres anteriores de subsistência.
  • O argumento apresenta uma índole enigmática, novos elementos de conduta, oferece algumas respostas ao desbarato mas falha no desenvolvimento das novas questões. Apresenta 3.0 pontos de vulnerabilidade textuais nunca anteriormente descortinados - uma novidade infeliz face à matriz que lhe deu forma.
  • O próprio desenho surge estranho, desvirtuando cores que nos habituaram mas desvirtuando sobretudo o traço de personagens centrais. Continua no entanto presente uma dinâmica de acção apelativa e um sonoro de igual nível. A história é sem dúvida o maior elemento de decepção - 3.0 não é ainda assim um trabalho mau...simplesmente não soube fazer justiça aos seus antecessores que nos habituaram a uma qualidade de excelência. Temos em suma a crise existencial de Shinji, que não procura responder a porquês anteriores (como o porquê de assumir determinada responsabilidade) mas que procura desfazer erros anteriores e cuja responsabilidade enverga dimensão suficiente para naufragar a própria humanidade enquanto raça.
 8

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